

A úlcera diabética é uma ferida crônica do pé, que ocorre em pessoas que, por razões diversas, apresentaram uma complicação do diabetes. Normalmente, nestes pacientes, a lesão começa com um calo, frieira, arranhão, corte ou corpo estranho, que coloca a pessoa em risco de desenvolver a úlcera.
Entre o que, no meio científico, identificam como fatores de risco, aumentam a chance de ocorrer este tipo de lesão, destacam-se:
- irrigação sanguínea insuficiente, que dificulta a capacidade de reparar o dano e debelar infecções. É chamado de microangiopatia (micro: muito pequena; angio: vasos; patia:doença = doença dos vasos muito pequenos);
- diminuição da capacidade de perceber a sensação dolorosa, favorecendo que um ferimento simples passe despercebido, por tempo suficiente para que, quando seja percebido, já tenha se tornado uma ferida crônica séria.
Estudo publicado na edição de American Journal of Medicine mostra também que auto-monitoração da temperatura pode diminuir o risco de aparecimento da úlcera. Com o objetivo de avaliar a eficácia do monitoramento da temperatura feito em casa para reduzir a incidência de úlceras de pé em pacientes de alto rico com diabetes, David G. Armstrong e colegas americanos realizaram um estudo controlado, randomizado e cego com 225 pacientes. O trabalho resultou no artigo "O monitoramento da temperatura cutânea reduz o risco de ulceração do pé diabético em pacientes de alto risco", publicado na edição de dezembro do American Journal of Medicine.
Segundo o texto, os autores acompanharam, durante 18 meses, pacientes com alto risco de ulceração. Os 225 casos foram divididos em dois grupos: um recebeu a terapia padrão, e o outro tece como tratamento termometria cutânea. Os autores afirmam no artigo que ambos os grupos receberam "calçados terapêuticos, educação para pé diabético, tratamento regular dos pés e foram submetidos à inspeção diária estruturada dos pés".
Porém, o grupo de termometria cutânea usou um termômetro de pele de infravermelho para medir as temperaturas em 6 locais dos pés, duas vezes ao dia. Sempre que havia diferença de temperatura entre os locais direito e esquerdo acima de 2,2°C, os pacientes deveriam entrar em contato com a enfermeira responsável pelo estudo e as atividades deveriam ser reduzidas até a que temperatura fosse normalizada.
Ao final do acompanhamento, os autores identificaram que 19 pacientes (8,4%) apresentaram úlcera, sendo que os indivíduos do grupo de termometria tiveram um terço a mais de chances de desenvolver a úlcera quando comparados aos participantes do outro grupo. Mas, de acordo com os autores no artigo, "a análise de regressão de risco proporcional sugeriu que a intervenção termométrica foi associada com um tempo mais longo significativo para ulceração ajustado para a classificação elevada de úlcera de pé (International Working Group Risk Factor 3), idade e status de minorias".
Com relação à temperatura, os pesquisadores notaram que pacientes que tiveram úlcera apresentaram, na semana anterior à mesma, diferença térmica maior que 4,8 vezes no local da ulceração do que a amostra de 7 dias consecutivos dos 50 outros indivíduos que não ulceraram. Por fim, os autores concluem que "altos gradientes de temperatura entre os pés podem predizer a instalação de ulceração neuropática e a auto-monitoração pode reduzir o risco de ulceração".
Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)
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